quinta-feira, 31 de março de 2011

Retrato - Cecília Meireles


Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.



Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.



Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

A minha face?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Estória

Estive a ler esta pequena estória, que com algumas,poucas adaptações, assenta que nem uma luva no capataz. Aqui vai então: A fábula do capataz Esta é a fábula de um capataz que, "stressado", foi um dia ao psiquiatra. Relatou ao médico o seu caso. O psiquiatra, experiente, logo diagnosticou: - O Sr. precisa de se afastar, por duas semanas, da sua actividade profissional. O conveniente é que vá para o interior, isole-se do dia-a-dia e procure algumas actividades que o relaxem. Então, o nosso capataz procurou seguir as orientações recebidas. Munido de vários livros, CDs e PORTÁTIL, mas sem o telemóvel, partiu para a quinta de um amigo. Passados os dois primeiros dias, o nosso capaz já havia lido dois livros e ouvido quase todos os CDs. Porém, continuava inquieto. Pensou, então, que alguma actividade física seria um bom antídoto para a ansiedade que ainda o dominava. Procurou um trabalhador da quinta e pediu-lhe trabalho para fazer. O trabalhador ficou pensativo e, vendo um monte de esterco que havia acabado de chegar, disse ao nosso capataz: - O Senhor pode ir espalhando aquele esterco em toda aquela área que será preparada para o cultivo. Pensou o trabalhador para consigo próprio: "Ele deverá demorar uma semana com esta tarefa". Puro engano! No dia seguinte já o nosso capataz tinha distribuído todo o esterco por toda a área. O trabalhador deu-lhe então a seguinte tarefa: abater 500 galinhas com uma faca. Tarefa que se revelou muito fácil para o capataz ansioso: em menos de 3 horas já estavam todos os galináceos prontos para serem depenados! Pediu logo nova tarefa. O trabalhador disse-lhe então: -Vamos iniciar a colheita de laranjas. O Senhor vá, por favor, ao laranjal e leve consigo três cestos para distribuir as laranjas por tamanhos: pequenas, médias e grandes. Passou o dia e o capataz não regressou com a tarefa cumprida. Preocupado, o trabalhador dirigiu-se ao laranjal. Viu o nosso capataz, com uma laranja na mão, os cestos totalmente vazios, e o capataz a falar sozinho: - Esta é grande? Não, é média. Ou será pequena??? - Esta é pequena? Não, é grande. Ou será média??? - Esta é média. Não, é pequena. Ou será grande??? Moral da história: Espalhar merda e cortar cabeças é fácil. O difícil é tomar decisões certas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Bertold Brecht


Do rio que tudo arrasta

Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem

Bertold Brecht

quarta-feira, 16 de março de 2011

Carlos Drumond de Andrade







"Por muito tempo achei que a ausência é falta"

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Eles (os capatazes) não sabem nem sonham, que o sonho comanda a vida!

Ary dos Santos

Talvez o capataz perceba que a CENSURA já foi chão que deu uvas!

Traz outro amigo

Aos meus amigos.